Já passou da hora…

Acho que já passou da hora dos médicos saberem e acompanharem a evolução do tratamento com ECT. Vou muito a médicos, e já topei com vários (de outras especialidades que não psiquiatria) que quando conto que minha mãe fez ECT só faltam ter um treco do coração “Nossa, mas isso não é antigo…” “Não é perigoso? é um método muito radical, sofrido, bla bla bla…” , como se eu fosse uma monstra por ter deixado minha mãe realizar o tratamento e também como se o tratamento não tivesse eficácia alguma e fosse algum método de tortura, conforme uns e outros ignorantes insistem em acreditar.

Aí lá vou eu contar para os médicos como as coisas evoluíram e falar sobre a eficácia do tratamento, explicar seus efeitos colaterais e falar tudo, tintin por tintin, sinceramente? Acho um saco, os médicos é que deveriam saber, se informar e especialmente não ficar falando mal do tratamento na frente do paciente que já o fez. Depressão traz problemas para tudo, então eu acredito verdadeiramente que o mínimo de informação atualizada todos os médicos deveriam ter. Saiu uma matéria na Folha.com falando sobre a eficácia da ECT, ainda achei que no final das contas o texto dos jornalistas ainda carrega um tiquinho de preconceito, mas vale a pena ler e procurar mais sobre o assunto.


4 comentários sobre “Já passou da hora…

  1. Oi, me chamo Sabrine e achei seu blog por acaso, procurando por mais pessoas que estejam passando pelo mesmo problema que o meu.
    A 5 anos atrás minha mãe teve um AVC, dois anos depois ficou gravida e teve minha irmã, que hoje está com 3 anos.
    E agora com esses 5 anos que se passaram ela começou a demonstrar cansaço excessivo e então achavamos que ela apenas precisasse de férias, mas então ela chegou em casa e só queria saber de dormir, era como se estivesse dopada.
    Levamos ela ao médico e ele disse que está com depressão.
    Ainda estou com medo, pois não sei como cuidar de alguem assim, nunca passei por isso, claro sempre fui eu que cuidei dela, mas não desta forma.
    Meu irmão é policial e mora muito longe, então ele apenas liga para saber como ela está, enquanto eu divido tarefas com meu pai, entre cuidar de minha irmã e de minha mãe.
    Não estou reclamando, longe disso, sempre farei tudo que puder por ela, mas acredito que você possa me entender um pouco.
    É como um vazio, você olhá-la e não saber o que fazer, tentar tudo, mas não levar a nada. ^^
    Bom… só posso esperar que tudo fique bem.

    1. Olá Sabrine,
      posso entender sim o que vc está passando, tb me senti sem saber o que fazer quando percebi realmente a depressão de minha mãe, e para ser sincera até hj, de vez em qdo, me sinto com esse mesmo medo. Sinto uma impotência fortíssima ainda qdo minha mãe tem dias de recaída e eu não posso fazer nada para ajudá-la.
      Não tem fórmula mágica para acompanhar alguém assim, o essencial é ter muuuuita paciência e estar cercada por bons profissionais. Um psiquiatra realmente bom e também um terapeuta, também uma terapia para vc seria muito importante. Esse apoio psicológico te ajuda a entender pelo que sua mãe está passando e até onde vc pode ajudar. No post aqui do blog “Como ajudar alguém com depressão”eu falo um pouco também e indico o livro O Demônio da meia noite, me ajudou muito. Espero que dê td certo, não desista, sua mãe vai melhorar 🙂 Mande notícias, abs.

  2. Oie me chamo, Loraine tenho 22 anos e sempre convivi com a depressão da minha mãe. é tão dificil pq eu tenho uma irmã, mas ela mora em outra cidade, não é igual se estivesse aqui dividindo comigo os problemas.
    Faz um ano que minha vó faleceu e vejo que minha mãe ficou mais depressiva, mais desanimada, não sei como ajudar, pq eu tento de tudo, converso com ela ,mas não adianta, ela só quer dormir, sorte que ela ainda tem forças pra trabalhar, pq se só ficasse em casa com certeza não aguentaria.Mora eu minha mãe e meu vô, agora eu parei de trabalhar pra ficar em casa com meu vô que tem 91 anos.Enfim ta sendo dificil pq é tudo em cima de mim, não tenho ninguém pra repartir a dor de ver minha mãe assim e eu fico triste, um pouco depressiva também, é dificil viu, quantas vezes eu vi minha mãe tomar uma caixa de remédio, agora ela não faz mais isso, mas é muito desanimada, não tem vontade de viver.é muito dificil conviver com alguém assim tem que ter muita força de vontade e ânimo, senão a gente acaba ficando igual.bjus

    1. Oi Loraine,
      nosso ambiente é bem parecido, moro com minha mãe e meu avô (que já tem quase 90 anos), minha irmã já é casada e não mora mais conosco, apesar de aparecer sempre e acompanhar bastante. Sei o quanto é difícil sentir que tudo depende de vc, não sei como é a relação com sua irmã, mas acho que valeria a pena conversar com ela sobre tudo o que está acontecendo e explicar que está muito difícil para vc, pedir ajuda mesmo, ver se ela não poderia (caso não seja mtoo longe) passar os finais de semana com vocês ou então um final de semana por mês, uma apoio extra acho que já lhe ajudaria bastante. Outro ponto é focar em um tratamento para sua mãe, ela precisa de acompanhamento psiquiátrico e psicológico, mas tem que ser bons profissionais. Ela precisa encontrar um medicamento que a ajude a melhorar, existem milhões, algum há de fazer efeito e caso não faça, ainda há a opção de tratamento com EMTr e ECT. Não desista sabe, não entregue os pontos e espere sua mãe melhorar por vontade própria, sei que muitas vezes estamos cansadas demais e é isso que temos vontade de fazer, mas não vale a pena. Tente de tudo, outros psiquiatras, outros terapeutas, atividades que sua mãe se interesse e também converse com ela sobre o problema, fala que vcs conseguirão superar, que está ao lado dela e que também precisa dela ao seu lado. Ainda tem o seu avô, que precisa das 2. Tem muitos comentários aqui no blog interessantes, se tiver tempo dê uma olhada, também fique a vontade para mandar novos comentários, mesmo que demore eu respondo à todos. Outra dica é ler livros sobre o assunto, tem alguns posts no blog onde falo sobre. Bjos

Desabafe!